Era uma vez, um doce e singelo croissant, que nasceu de uma família francesa de "avecs" que vieram para Portugal tentar a sua sorte. E foi o Éder que os .... Ups história errada. O pequeno croissant sempre se interrogou do porquê de ser sobremesa e não prato principal, porquê dessas etiquetas, que no final de contas se está sobre a mesa, tem os mesmos direitos de todos e os demais pratos.
E porque não, o croissant ser também um prato principal. O pequeno já começava a imaginar-se croissant à Brás, croissant à Gomes de Sá, croissant à minhota, croissant à lagareiro... um número infindável de possibilidades se abririam caso os croissants passassem a integrar a "guestlist" dos pratos principais.
O pequeno croissant começou a crescer no quentinho do forno e aos poucos foi percebendo o seu destino. A idade dos porquês tinha terminado e chegou a altura de decidir qual o seu futuro. Croissant recheado com doce de ovos, croissant recheado com chila, croissant com manteiga, croissant de chocolate, croissant misto ou então um croissant simples, caso não consiga decidir, pode sempre ir para a científico-natural dos croissants e decidir depois.
Decidiu que queria ser misto, queria ter o fiambre e o queijo consigo. A perna extra e um flamengo Limiano. O peitinho de frango e o queijinho da serra. E então decidiu especializar-se em Pequenos almoços & Almoços. Tinha em vista conseguir convencer todos que seria um ótimo prato principal, de um almoço mediterrâneo.
Foi nesse curso que conheceu a Tosta Mista. Ao principio não conseguia pronunciar bem o seu nome, era Tosta Mista ou Tista Mosta? Raios que dislexia enervante que só quem não tem, não compreende. Moving on... Não ligou muito à Tosta ou Tista, aquela herege que era considerada a escolha número um dos portugueses ao acordar. Mas como ele almejava conseguir chegar ao patamar dos almoços, lá seguiu em frente. Até que um certo dia, ficou lado a lado com a Tosta, e conseguiu-lhe sentir o cheirinho quente, a fiambre e queijo derretido. E à medida que aquela brisa de sabores, entrava pelas suas entranhas, mais ele ficou derretido.
Começou por se inscrever à cadeira "Tostas e companhia das sandes limitada", e mudou completamente de visual. Tornou-se numa croissant misto tostado, com fiambre e queijo derretidos. Uma delicia. A Tosta não ficou indiferente e começaram a falar.
Croissant: "Olá, então tudo bem?"
Tosta: "Olá, hoje estás diferente! Estás uma brasa! Usaste chapa quente ou sandwisheira?"
Croissant: "Chapa quente claro, prensado! Não quero ficar com marcas a sandwish neste verão!"
Tosta: "< 3 < 3"
Um amor á primeira tostadela. Desde então fizeram tudo juntos.
Ambos começaram a manifestarem-se junto a restaurantes e nas mais diversas cozinhas por novos direitos, por passarem a ser categorizados como almoços. A combinar greves de croissants e tostas nos diversos bares de escola e universidade, vejam lá que até se aliaram aos panikes que também reclamavam novos direitos. Os panikes estavam revoltadíssimos pois não percebiam o porquê dos quiches, aquelas tartes travestidas, poderem ser consideradas como almoços e os panikes não.
Até que a companhia das sandes abriu lojas por todo o país. Uma nova vaga de esperança instalou-se naquela classe social, no entanto apenas foi tida em conta a tosta mista, com mais algumas pasnisguices à mistura (milho, alface, tomate, heresias de mil formas). Porquê que teimam em acrescentar ingredientes a uma coisa perfeita? Para quê tomate, milho, alface numa tosta mista? É uma mista, não é uma salgalhada.
Enfim o croissant ficou triste e resignado! Viu a sua amada seguir em frente na vida e ele continuou na liga dos pequenos almoços. No entanto ele estava feliz porque ela nunca se esqueceu do pequeno croissant que queria ser almoço.